quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dólar alto vai gerar inflação

Publicado no jornal O Tempo - 17-05-12 A alta do dólar frente ao real pode pesar no bolso do brasileiro nos próximos meses, mesmo que ele não vá viajar para o exterior nas férias. É que o impacto da variação da moeda norte-americana não fica restrito aos produtos importados e pode chegar até mesmo nos artigos produzidos no território nacional que tenham insumos e componentes provenientes de outros países. "Até mesmo um carro nacional tem peças que não são produzidas aqui. É o mundo globalizado", observa o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Vinhos, carros, tecidos, roupas, azeites são alguns dos produtos que correm o risco de ficar mais caros, conforme especialistas. Se no caso das viagens e cursos internacionais o impacto é imediato, já que o serviço tem o preço já definido em dólar, os reflexos nos produtos devem ter prazos variados, pois dependem de estoques, concorrência, capacidade das empresas de absorver alta nos custos e política adotada pelas mesmas. "Se a moeda norte-americana se manter no patamar de R$ 2, acredito que o impacto poderá ser sentido em torno de três meses", diz. Castro ressalta que, para muitas pessoas, o dólar mais alto representa sonhos adiados, seja da compra de algum produto ou de uma viagem internacional. Em Belo Horizonte, algumas agências de viagens estimam alta no preço dos pacotes de 10% a 15%. "A percepção, no geral, é ruim. Só que para a exportação de manufaturados é bom, vai estimular, só que não dá para mensurar quanto, pois não dá para saber se o mundo irá continuar contraído". Para o professor de economia do Ibmec em Belo Horizonte, Márcio Antônio Salvato, caso o dólar se mantenha na casa dos R$ 2, as opções de produtos nos supermercados podem diminuir, já que com a moeda mais cara interfere na rentabilidade das empresas. "Vinhos, azeites, azeitonas corem o risco de ficar mais caros", observa. Para o diretor da Fine Food Vinhos e Alimentos, Magnus Piacenza, se o dólar se manter no patamar de R$ 2 será inevitável os reajustes. "O momento ainda é de incertezas. O percentual vai depender de cada importador. Acredito que, se ocorrer, deverá ser da ordem de 10%, que pode acontecer de 30 a 60 dias", diz. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, afirma que a cotação da moeda norte-americana ainda não é preocupante. No entanto, para ele, se o dólar subir mais 10% o cenário se complica. "Aí, deverão acontecer repasses", observa.

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