segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Brasil sob Dilma e o PT: uma análise da conjuntura



Publicado no jornal O Tempo 



Dia 4 de junho, segunda-feira, subi à tribuna da Câmara dos Deputados para compartilhar com alguns poucos deputados presentes e através da rádio Câmara e da TV Câmara a visão que tenho sobre o momento vivido pelo Brasil. Somos cobrados pela imprensa, nas redes sociais, no meio político, em relação a uma suposta ausência e omissão das oposições. No Congresso existe uma combativa e qualificada oposição, mas quase ninguém fica sabendo.

Registrei que, em 2011, tivemos o menor crescimento econômico da América do Sul, o antepenúltimo da América Latina, muito inferior aos Brics. Afirmei que algo vai mal e a retórica governamental não consegue mais esconder isso. Os investimentos estão despencando, o consumo cresce moderadamente, o crédito perde fôlego.

Afirmei que o governo do PT não tem coragem e convicção para ampliar as parcerias com o setor privado. O PT privatiza pouco, mal e de forma envergonhada. Destrói a capacidade das agências regulatórias e deixa nebuloso o ambiente regulatório. Perde investimentos.

Ao invés de avançarmos rumo ao século XXI, apontamos para um retorno ao modelo primário exportador do Brasil pré-1930. Demonstrei que as medidas tópicas não estão surtindo efeito. O governo Dilma revela baixíssima vontade e capacidade reformista. Falta liderança.

Depois de reconhecer mudanças positivas de Dilma em relação a Lula, como o reconhecimento do legado de FHC, a moderação na retórica cotidiana, a maior observância da liturgia do cargo, registrei minhas preocupações políticas.

Nunca houve uma hegemonia tão grande no Congresso Nacional, com as oposições circunscritas a menos de 20% dos votos. O PT transformou o presidencialismo de coalizão em verdadeiro presidencialismo de cooptação. Verbas orçamentárias e cargos agem para a formação de uma maioria flácida e sem identidade programática.

Apontei que sentimos a ressurreição da velha vocação autoritária da esquerda. Destaca-se neste plano a desastrosa atuação do ex-presidente Lula, que sem nenhum respeito à liturgia do cargo, se achando acima das leis, da Constituição e das instituições democráticas, procura destruir reputações, aniquilar adversários, instrumentalizar a CPMI do Cachoeira, reabilitar companheiros como Erenice Guerra, achincalhar a legislação eleitoral num comício eletrônico recente em famoso programa de televisão.

O desequilíbrio no jogo político fica evidente na prestação de contas dos partidos em 2011. O PT arrecadou de doações privadas R$ 50,7 milhões, dez vezes mais do que PMDB e PSDB somados. Isto é justo, ético, normal?

As oposições e o PSDB consolidarão cada vez mais o seu papel. A história nunca é definitiva e não permitiremos o crescimento de uma cultura política de "partido único".
Estaremos prontos para defender nossos princípios e nossos valores alimentados pela memória dos grandes timoneiros da redemocratização: Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro e Mário Covas.

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