quinta-feira, 21 de junho de 2012

PIB vai crescer só 1,5%, prevê Credit Suisse


Publicado no Estado de S.Paulo


Banco reduz previsão de crescimento da economia em 2012, que antes era de 2%, e Mantega reage classificando a projeção como uma 'piada'



A equipe de economistas do Credit Suisse reduziu de 2% para apenas 1,5% a projeção de crescimento para a economia brasileira em 2012. No relatório em que justificam a expectativa mais pessimista, os economistas destacam a redução drástica no ritmo do investimentos, que sairiam de 4,7% em 2011 para 0,3% em 2012, e a desaceleração do consumo das famílias,de4,1% para 3,3%.
As projeções do Credit Suisse, um dos maiores bancos de investimento do mundo, revoltaram autoridades brasileiras. No Rio, para participar da Rio+20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desqualificou o cálculo.

"É uma piada. Vai ser muito mais que isso", disse Mantega ontem à tarde, em rápida declaração a jornalistas à saída de um hotel na Barra, onde está hospedada a delegação brasileira.
No mês passado, em audiência no Senado, ele apresentou a nova estimativa do Ministério para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) este ano: 4%,meio ponto porcentual abaixo da anterior.
Além das tendências menos favoráveis para a economia do ponto de vista da demanda, o Credit Suisse também listou recuos nos componentes de oferta.

"Sob a ótica da oferta, nossa projeção assume retração de 1,8% para o produto da agropecuária e ligeira expansão do PIB industrial de 0,6%. O crescimento dos serviços,de2%,seria mais elevado que o do PIB, por conta da maior expansão dos segmentos menos sensíveis à demanda", diz o relatório.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que também integra a comitiva presidencial na Rio+20, tentou contemporizar: "Acho que a visão que os europeus têm é necessariamente negativa por ser influenciada pelo clima por lá. A situação do mercado financeiro na Europa é muito ruim", afirmou Pimentel.
Para ele, os brasileiros teriam razões para estar mais otimistas diante do dinamismo da economia do País. Pimentel elogiou as medidas tomadas pelo ministério da Fazenda e o Banco Central para impulsionar o crescimento econômico em 2012 e afirmou que elas estão destravando o investimento para o segundo semestre.

"Não acompanho esse pessimismo do Credit Suisse.
Acho que nós vamos crescer mais que isso", disse o ministro.
Mas, preferiu não arriscar qualquer prognóstico.
Focus. O mercado financeiro não está tão otimista quanto o governo. Na última segunda-feira, o Banco Central divulgou o relatório Focus, no qual os bancos reduziam, pela sexta semana consecutiva, a aposta de crescimento econômico para 2012. De acordo com a pesquisa, a previsão recuou de 2,53% para 2,30%.

Quatro semanas atrás, a projeção era de crescimento de 3,09% neste ano.
O relatório de ontem do Credit Suisse puxou mais para baixo a tendência.
Segundo o documento, simulações feitas pela instituição" sugerem que a expansão do PIB de 2% em 2012 tornou-se menos provável, pois demandaria uma retomada muito expressiva da atividade no segundo semestre de 2012." "A diminuição da nossa projeção de crescimento do PIB no segundo trimestre, a ainda elevada incerteza global e a baixa probabilidade que atribuímos a uma expansão da economia muito expressiva nos próximos trimestres justificam a redução da nossa previsão de crescimento do PIB em 2012, de 2% para 1,5%", alegam os economistas.

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