terça-feira, 24 de julho de 2012

BR-381 terá trecho de pista simples após obra de duplicação

Publicado no Jornal O Tempo


                                               Descaso do governo federal com a BR-381

Projeto considerou que pouco tráfego não demanda pista dupla entre as cidades

O sonho de motoristas e pedestres de ver a BR-381 totalmente duplicada entre Belo Horizonte e Governador Valadares vai, em um dos trechos da rodovia, ficar pela metade. Ou, menos do que isso. Depois de décadas de espera, a população da região de Valadares vai ver, no máximo, cerca de 25% do trajeto até Belo Oriente com duas pistas em cada sentido. De um total de 72,8 km de estrada entre os dois municípios - o maior dos oito lotes de reforma - apenas 18,8 km serão, de fato, duplicados. Com isso, dos 303 km de estrada incluídos nas obras, 54 km vão continuar com pista simples mesmo após as intervenções.

A informação foi confirmada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Segundo o órgão, as obras de alargamento da rodovia naquela região serão feitas somente próximo às cidades de Periquito e Naque e nas interseções com outras rodovias, a um custo de R$ 182 milhões. Não há previsão de início das intervenções. 

Motoristas que passam diariamente pelo trecho e representantes de entidades que tratam da questão reclamam da decisão, que teria sido amparada por estudos de que não há indicação para aumento do número de faixas em toda a extensão da 381.
Depois de tantos anúncios e promessas de intervenção na rodovia, o taxista Etevaldo Andrade, de Governador Valadares, pensava que, no futuro, poderia percorrê-la toda duplicada. "A 381 nesse trecho é quase toda perigosa. Tem muita curva".
Além da população de Governador Valadares, hoje calculada em 255 mil habitantes, moradores de outras cidades da região são afetados diretamente pelas condições da rodovia, principal acesso aos municípios. Considerando toda a região dos vales do Rio Doce e do Jequitinhonha, são cerca de 850 mil pessoas servidas atualmente por esse trecho da BR-381. 
Obras desse porte precisam de estudos de longo prazo, lembra o engenheiro civil Hérzio Mansur, membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MG). "É uma demanda antiga, e é preciso imaginar como estará o tráfego daqui a 30 anos".

O estudo do Dnit, porém, prevê o tráfego apenas até 2014. A estimativa do órgão é que cerca de 23 mil veículos passem por esse trajeto diariamente, daqui a dois anos, conforme pesquisas feitas para a elaboração do projeto executivo das obras. Serão 12 mil veículos leves e 10 mil de transporte de carga, além de ônibus e motos. "Seria uma medida inteligente apresentar a solução para os moradores daquela região para muitos anos pela frente", disse o especialista.

Pela BR-381 será transportado o gás natural que irá abastecer Governador Valadares até o início de 2013, aumentando o tráfego de veículos. "É muito pequeno o trecho duplicado. Se for por economia, é uma economia sem sentido", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Governador Valadares, Maurício Teixeira. 

A ausência de projeto para garantir pistas duplas em toda a extensão do trecho de entre Governador Valadares e Belo Oriente contradiz um estudo do próprio Dnit, de 2010. O levantamento apontou que, próximo a Belo Oriente, não há faixa adicional para veículos lentos, e, por esse motivo, são comuns filas e ultrapassagens perigosas. 
Segundo o Dnit, em muitos pontos serão implementadas terceiras faixas, o que deverá garantir mais segurança ao trânsito.



Acidentes com mortes só crescem
O número de acidentes, de mortes e feridos graves no trecho da BR-381 entre Belo Oriente e Governador Valadares aumentou nos seis primeiros meses de 2012 em comparação com o mesmo período de 2011. 

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no primeiro semestre deste ano foram registradas 116 ocorrências contra 112 no mesmo intervalo de tempo de 2011. O aumento dos casos foi acompanhado pelo crescimento da quantidade de feridos graves, que saltou de 14 para 27. As mortes passaram de sete, em 2011, para dez, neste ano. 



Dados da Polícia Rodoviária Federal e de estudos sobre acidentes indicam que o número de colisões frontais, as mais fatais, é maior em rodovias não duplicadas. Conforme mostrou reportagem de O TEMPO, na semana passada, após a duplicação da BR-262 entre Betim e Nova Serrana, o número de batidas frontais caiu 90%, passando de 20 registros antes para dois casos.










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