sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Até 2016, Anel Rodoviário de BH terá 13 mil acidentes e 120 mortes

Publicado no jornal O Tempo 




O cenário já é conhecido dos belo-horizontinos e moradores da região metropolitana. Mortes, motoristas traumatizados, veículos destruídos e trânsito infernal. E foi assim ontem, mais uma vez, quando o Anel Rodoviário da capital registrou mais dois graves acidentes, com um morto. E se o ritmo continuar o mesmo, sem nenhuma intervenção das autoridades, em quatro anos, quando nas previsões mais otimistas a revitalização da via estará concluída, o Anel vai somar mais 13 mil acidentes e 120 mortes.

A projeção é baseada nas ocorrências registradas de janeiro a junho deste ano. Foram 1.597 acidentes e 15 mortes, uma média de 8,8 batidas por dia e 2,5 vítimas por mês. Não há um número fechado de acidentes em julho, mas um levantamento informal mostrou que pelo menos 250 acidentes foram registrados. Três pessoas perderam a vida na rodovia. 

Para especialistas, o problema é conhecido há anos e só será resolvido com uma reforma estrutural. Em junho, o governo federal anunciou a liberação de R$ 6 bilhões para obras em rodovias no Estado - R$ 1,5 bilhão seria destinado ao Anel Rodoviário. Por enquanto, a liberação está apenas na promessa. Mas a previsão é que o edital do projeto executivo seja lançado ainda neste ano. A partir daí, serão 340 dias para que os estudos sejam concluídos e, então, passar à fase de definição da empresa executora. Como esses serviços costumam durar até três anos, segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras, a estimativa é que o Anel não seja totalmente reformado antes de 2016. 

Inclinação irregular. No primeiro acidente de ontem, no início da manhã, um caminhão desgovernado arrastou nove veículos do KM 3 ao KM 6. De acordo com especialistas em trânsito, o trecho do KM 1 ao KM 7 é o mais perigoso da rodovia. O principal motivo é a inclinação da pista, de 12% - o limite considerado seguro por engenheiros é de 6%. 

"O Anel precisa é ser reconstruído urgentemente. Ele não suporta o fluxo de veículos que recebe atualmente. Todos já estão cansados de saber do risco que aquela via representa para a população", afirmou o especialista em trânsito e presidente da ONG SOS Rodovias, José Aparecido Ribeiro. 
Para o engenheiro civil e mestre na área de transportes Silvestre de Andrade, ações paliativas, como aumento na fiscalização e radares não vão resolver o problema a longo prazo.

Mas é exatamente esse o plano da Polícia Militar. O tenente-coronel Sebastião Emídio, que comanda a base da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) no Anel Rodoviário, afirmou que serão feitas campanhas de conscientização nos postos de gasolinas das rodovias que dão acesso ao Anel, além de aumento de efetivo e melhoria da sinalização. 

"Eu sei que são medidas paliativas, mas é o que podemos fazer para tentar evitar mais acidentes. O problema da via é estrutural. Nem deu tempo para planejar as ações desde o último acidente grave e já tivemos outro hoje (ontem)".

Nenhum comentário:

Postar um comentário